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30 de outubro de 2011

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Caximba, a natureza se recompondo.

Caximba, um ano depois

Depois de passar 365 dias sem receber lixo, paisagem em antigo aterro já é outra. Falta, agora, infraestrutura para a população
Publicado em 30/10/2011 | Vinicius Boreki
Há um ano, o Caximba entrou em estado de graça. O Aterro Sanitário de Curitiba, que posteriormente ficou conhecido pelo nome do bairro onde estava instalado, deixou de funcionar após 21 anos recebendo o lixo de Curitiba e da região metropolitana. Nos primeiros 365 dias sem absorver os restos da capital, os urubus que faziam parte da paisagem desapareceram e o ar lembra o de outros pontos da cidade, sem o odor característico da mistura entre lixo e gás metano. Agora, a comunidade tem dois novos alvos. O primeiro é melhorar a estrutura da região. O segundo é desconstruir o estigma que acompanha os moradores: o de vizinhos do lixão.
A esperança de que o fim do Caximba se reverteria em melhorias rápidas ao bairro não se concretizou e os moradores aguardam obras reivindicadas há anos. O local conta com certas peculiaridades: falta asfaltamento na rua, parte da população não tem saneamento e a região, ainda, concentra loteamentos irregulares.
Divulgação / A paisagem do local há cerca de um ano
Antonio More/Gazeta do Povo
Antonio More/Gazeta do Povo / Jadir Silva de Lima, presidente da Aliança para o Desenvolvimento Comunitário da Caximba
Antonio More/Gazeta do Povo / Lila Oslicki, artesã e moradora da região
Divulgação
  
Lazer
Parque é esperança de mudança
Não se sabe em quanto tempo, mas o Aterro do Caximba deve se transformar em um parque municipal. Aliás, como construções de engenharia mais elaboradas não são recomendadas sobre aterros, por impedirem a dissipação do gás, o aproveitamento de áreas verdes e criação de áreas de lazer são as soluções mais comuns encontradas pelas cidades. “O projeto de se implantar um parque persiste. Pode ser que daqui a cinco anos seja possível”, afirma a secretária municipal do Meio Ambiente, Marilza Oliveira Dias.
Apesar das promessas, o povo do Caximba é como São Tomé: só vai acreditar nas benfeitorias quando se tornarem realidade. “Foi prometida a construção de uma academia ao ar livre. Até agora nada”, diz a artesã Lila Oslicki, de 43 anos. “Seria uma boa [um parque]. As crianças daqui não têm nada para fazer”, afirma o aposentado Odair Rocha, de 58 anos. “Acho que não vai ser feito nada aqui. Qualquer pessoa sensata não vai levar o filho em um parque que gera gás metano”, argumenta Jadir Silva de Lima.
Contudo, o parque pode enterrar de vez o estigma carregado pelo bairro e pelos moradores. “Não era fácil viver aqui, especialmente no início. O preconceito por estarmos próximos ao lixão era muito forte. Agora diminuiu bastante”, diz a diretora do Colégio Estadual Maria Gai Grendel, Sonia Hinça. “Tivemos aumento de mil alunos de 2010 para 2011. Não havia me atentado ao fato que o fim do Caximba possa ser um dos motivos.”
Aterros temporários dão conta do recado
Desde que o Caximba foi desativado há um ano, entraram em cena os aterros temporários. Segundo a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, 2,4 mil das 2,5 mil toneladas de lixo são destinadas ao aterro da Estre, em Fazenda Rio Grande – as 100 toneladas restantes vão para a Essencis, na divisa de Curitiba com Araucária. A Estre e a prefeitura avaliam de forma positiva o trabalho.
“A operação atual atende a todas as condicionantes do IAP [Instituto Ambiental do Paraná]”, diz a Estre, que promete construir um instituto para trabalhar educação ambiental com a comunidade. “Temos feito fiscalização por meio do Consórcio Municipal e a situação da destinação de resíduos está administrada”, afirma a secretária municipal do Meio Ambiente, Marilza Oliveira Dias.
Os aterros temporários têm contrato vigente por mais um ano, com possibilidade de renovação por outros dois. Eles serão usados enquanto o Sistema Integrado de Aproveitamento de Resíduos, que deve ser construído em Mandirituba, não sair do papel. A licitação para a contratação das empresas está parada em função de uma disputa judicial entre dois concorrentes. (VB)
A prefeitura diz que a situação vai mudar em breve. “A lei complementar 82/11 vai beneficiar 6,8 mil famílias que mo­­ram em 83 áreas na condição de clandestinos, porque foram loteadas sem aprovação da planta na prefeitura”, diz a nota enviada à Gazeta do Povo.
Novas soluções devem ser discutidas também na nova Regional do Tatuquara, subprefeitura da qual o Caximba é membro. O aterro, porém, deixou desconfianças e parte da comunidade não crê em mu­­danças enquanto elas não estiverem efetivamente concluídas.
“A situação não vai mudar, porque a subprefeitura de um local não supre as necessidades das outras regiões. Pode até ajudar o Tatuquara, mas não vai nos ajudar”, diz o presidente da Aliança para o Desenvolvimento Comu­­nitário da Caximba (Adecom), Jadir Silva de Lima, um dos principais responsáveis pelo fe­­chamento do aterro.
A prefeitura, por outro lado, argumenta que a nova regional facilita a definição de ações prioritárias. “Procuramos dentro do orçamento da cidade eleger as prioridades”, argumenta a secretária municipal do Meio Ambiente, Marilza Oliveira Dias.
Montanha de lixo
A montanha de lixo criada em função do aterro requer acompanhamento. Conforme a prefeitura, ações na manutenção são realizadas com frequência, inclusive com o controle da estabilidade e as tentativas de adequação do chorume aos índices ambientais recomendáveis. “Várias ações foram executadas, especialmente na parte de manutenção, para garantir o encerramento adequado, dentro das condições ambientais”, afirma Marilza. Prova da melhoria do am­­biente foi o aumento de mamíferos da região: de 8 para 23, segundo a secretaria.
O próximo passo deve ser a criação de um sistema de geração de energia a partir do gás metano produzido pelo aterro – hoje, ele é queimado, deixando uma característica chama azul no topo do morro. O edital elaborado pela prefeitura está pronto, mas depende de uma evolução do mercado de crédito de carbono. “Nesse momento, a viabilidade financeira do crédito de carbono não está boa, em razão das discussões sobre a renovação do protocolo de Kyoto”, explica Marilza.
Sem prazo definido e dependendo de obras, a outra promessa é transformar a Caximba em um parque. “O próprio monitora­­mento vai indicar quando haverá a possibilidade. Enquan­­to isso, as obras de manutenção são realizadas”, diz. Para os mo­­radores, essa é a esperança de deixar de vez para trás um passado envolto em lixo.
O interior fica aqui
Ir ao Caximba é como estar em uma cidade do interior. Na paisagem de pequenas chácaras e olarias, veem-se pessoas que usam cavalos como meio de transporte, observa-se a criação de carneiros, bate-se na porta de uma casa sem muros e deixa-se a mente relaxar acompanhando os pescadores nas cavas do Rio Iguaçu. A 23 quilômetros do Marco Zero, o bairro é o mais distante do Centro de Curitiba. O relógio não mente: se for visitar o local, prepare-se para uma boa hora no assento do carro ou duas horas no vaivém do ônibus.
Vizinho de localidades relativamente novas e bem povoadas, como o Tatuquara e o Campo do Santana, o Caximba é mais tradicional. Recheado de famílias italianas e polonesas, o local concentra grandes lotes divididos entre elas. As olarias são a principal atividade e os tijolos são usados na construção civil de toda a capital, orgulham-se os moradores. A tranquilidade, en­­tre­­tanto, ainda não se reverteu em aumento populacional da região: de 2000 a 2010, o bairro teve crescimento demográfico irrisório.
A explicação para a manutenção populacional está na ponta da língua: o lixão e a falta de estrutura. Se você pretende se mudar para lá, saiba que os Correios não chegam a alguns endereços, em razão das áreas serem consideradas irregulares. “Estamos abandonados. O carteiro não vem até aqui. Recebo minha correspondência nos comércios”, conta o aposentado Odair Rocha, de 58 anos. Saneamento? Não consta. “Temos água, mas o esgoto não chegou”, diz o aposentado Pedro Michele, de 64 anos.
As crianças do Caximba não têm parques, canchas municipais ou praças. Resultado: a escola da comunidade precisa arrumar passatempos educativos para os jovens. “Os alunos passam o dia inteiro na escola. Eles não têm lazer nenhum”, afirma a diretora do Colégio Estadual Maria Gai Grendel, Sonia Hinça. No contraturno, os estudantes aprendem a cuidar da horta, jogam futsal, cantam em corais e dançam no salão. “Nossa realidade é a da falta de estrutura. Nem mesmo internet ou banda larga funcionam aqui.”