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17 de novembro de 2011

Ordem para matar adolescentes na Vila Sabará partiu do tráfico, diz polícia


Jovens seriam integrantes de gangues que são usadas por traficantes. Em novembro, dois jovens foram mortos e quatro pessoas foram baleadas em confrontos
O tráfico de drogas está por trás dos assassinatos de adolescentes ocorridos em novembro na Cidade Industrial de Curitiba (CIC). Segundo a Delegacia de Homicídios (DH), as mortes foram determinadas por traficantes que atuam na área e que usam as gangues de jovens para a venda de drogas. Desde o início do mês, dois jovens foram mortos e três pessoas foram baleadas no entorno da Escola Municipal Candido Portinari, na Vila Sabará. Na Vila Barigui, um rapaz de 18 anos também foi atingido por disparos. Segundo o delegado Rubens Recalcatti, chefe da DH, todos os casos estão relacionados.
A polícia identificou três gangues formadas por jovens daquela região. Segundo o delegado Jaime da Luz, responsável pelas investigações, esses grupos se enfrentam entre si, disputando espaços de convivência (como ruas de maior movimento e bosques). Entretanto, as facções também seriam usadas pelo tráfico de drogas, o que teria servido de estopim para as mortes. “Apesar de essas gangues não terem sido formadas para traficar, elas acabam sendo usadas pelos traficantes”, ressalta.
Localidade
Como cada gangue está fixada em um local específico, seus integrantes acabaram cooptados pelos traficantes desta localidade. A rixa entre os traficantes teria acirrado, segundo a polícia, a indisposição entre os grupos. “Os dois assassinatos e as outras tentativas de homicídios foram determinados pelos ‘patrões’ [chefes de um pequeno grupo ligado ao tráfico], que disputam pontos de tráfico naquela área”, explicou o delegado.
Nesta semana, a DH intensifica as investigações dos casos para identificar os traficantes envolvidos nas disputas e nas mortes. A polícia trabalha com base no depoimento de testemunhas e sobreviventes, em informações levantadas pela unidade e em denúncias. Os investigadores também se apoiam sobre uma suposta lista de jovens que integrariam as gangues e que estariam marcados para morrer. “É um trabalho delicado e que envolve adolescentes. Então, é preciso cautela. Mas esperamos terminar essas investigações com a prisão dos traficantes”, disse o delegado Recalcatti.
Disputas e mortes
O primeiro adolescente foi assassinado no dia 1º de novembro. Loredo Messias da Silva, de 15 anos foi morto a tiros, após sair da Escola Cândido Portinari, por volta das 12h30. Segundo a polícia, o jovem integrava uma gangue chamada Cidade de Deus (CDD). Apesar disso, o rapaz mantinha amizades em uma área dominada por outro grupo, o Comando Sabará. “Não há evidências de que Loredo Messias, pessoalmente, tivesse envolvimento com o tráfico. Mas o CDD é usado pelo tráfico. A ordem para a morte dele partiu de traficantes de outro ponto”, disse Jaime da Luz.
Segundo as investigações, entre os assassinos de Loredo Messias está Maicon Wilian de Lima Patrício, de 16 anos. Ele é apontado como integrante do Comando Sabará e foi morto no dia seguinte, a poucas quadras da escola. Além dessas duas facções, a polícia também identificou a existência de um terceiro grupo: o Comando Corbélia.
O delegado afirma que as outras quatro tentativas de homicídio também obedecem a mesma dinâmica. Inclusive, o caso de Eduardo de Toledo, de 18 anos, atingido por dois tiros na Vila Barigui, na CIC. Ele seria morador da Vila Sabará e foi alvejado quando ia visitar a namorada. “No primeiro momento, nos debruçamos sobre os assassinatos. Agora, vamos ampliar os trabalhos sobre essas tentativas de homicídio”, disse Jaime.

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