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24 de outubro de 2011

A corrupção e a indignação dos brasileiros.

As passeatas contra a corrupção estão defendendo a Constituição”
Bolívar Lamounier, cientista político e sociólogo
Publicado em 23/10/2011 | Agência O Globo
Mesmo desfocado e com pouco impacto nas ruas, o movimento anticorrupção no Brasil tem dado um recado claro aos políticos sobre a insatisfação da sociedade com os malfeitos do Legislativo e do Executivo. Esta é a opinião do cientista político e sociólogo Bolívar Lamounier, que critica os que veem um viés de direita no movimento afirmando que, desde os anos 50, os protestos contra a corrupção são chamados de “direitistas”, “udenistas”, “lacerdistas” [os dois últimos termos se referem à UDN, partido de direita que fazia forte oposição a Getúlio Vargas e, posteriormente, a João Goulart; e a seu principal líder, o carioca Carlos Lacerda]. “[Os atos anticorrupção] estão defendendo a Constituição”, diz Bolívar.
Como o senhor vê o movimento anticorrupção?
Há intensidade no protesto, principalmente na internet. O problema é o que você faz com ele, para onde canaliza o protesto. Se vai à rua contra o ministro que superfaturou, é um protesto contra a Dilma ou a favor? Ninguém sabe. Ela toma providências, então o protesto pode ser interpretado como apoio ao que ela está fazendo. Outros pensam protestar contra o governo. Não há foco.
O senhor acredita que o movimento seja mais contra a política que contra a corrupção?
Exatamente. E este é o lado ruim da história. Política virou um nome feio, no mundo inteiro, e o Legislativo é o nome mais feio. É muito mais transparente, é mais fácil saber o que aconteceu. O Legislativo é o Judas da História. Esse é o mecanismo pelo qual a corrupção enfraquece a democracia. Por infeliz coincidência, estamos tendo no Brasil um Congresso muito medíocre. Nunca vi nada igual. A corrupção aumentou monumentalmente.
Quando: no governo Dilma, Lula ou Fernando Henrique?
A afirmação é contundente, mas aumentou no governo Lula. Chegou um número grande de pessoas, não digo que todas mal-intencionadas, mas com pouca experiência política, experiência da máquina, muitas mal-intencionadas. Começou um processo de relaxamento das normas de licitação, contratação e superfaturamento. Lula, que tem 80 qualidades, a meu ver tem uns 60 defeitos. Se tivesse tomado providências no início, logo no caso Waldomiro Diniz, teria controlado 50% do problema. [Waldomiro, um dos principais homens de confiança do então ministro José Dirceu, da Casa Civil, foi acusado em 2004, segundo ano do governo Lula, de negociar com bicheiros o favorecimento em concorrências, em troca de propinas e contribuições para campanhas eleitorais.]
O governo Fernando Henrique também é criticado no caso das privatizações[que supostamente foram foco de corrupção]...
Nada foi provado. Fizeram uma bateria de fuzilamento contra o Eduardo Jorge [Caldas] e não tem acusação contra ele. A mesma coisa contra o Luiz Carlos Mendonça de Barros [os dois, ligados ao PSDB, participaram da articulação das privatizações no governo FHC]. O PT, que fazia fiscalização 24 horas por dia no governo FH, não conseguiu provar nada. Não estou dizendo que o Brasil nunca teve corrupção. Isso seria uma bobagem. Estou dizendo que agora saiu de controle. O governo Lula perdeu o controle.
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Interatividade

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Ciclistas protestam contra o Circuito Ciclofaixa de Lazer

Ciclistas protestam contra o Circuito Ciclofaixa de Lazer

Manifestantes usaram a faixa da direita da via e pediram que a Prefeitura ofereça a ciclofaixa todos os dias
23/10/2011 | 11:37 | Alexandre Costa Nascimento e Diego Ribeiro atualizado em 23/10/2011 às 16:54

Cerca de 300 ciclistas protestaram neste domingo (23) contra o Circuito Ciclofaixa de Lazer, inaugurado pela Prefeitura de Curitiba nesta manhã.
Confira imagens do protesto realizado pelos ciclistas no dia da inauguração da ciclofaixa.
O projeto instalou a ciclofaixa do lado esquerdo da via de rolamento, contrariando o que está previsto no artigo 58 do Código de Trânsito Brasileiro. Em protesto, os manifestantes ignoraram a demarcação e circularam pela via da direita, pedindo a instalação de ciclofaixas todos os dias da semana.
O movimento foi organizado por meio de redes sociais, por grupos de ciclistas de Curitiba. Ao contrário do previsto, não houve inauguração oficial do novo espaço com presença do prefeito ou de representantes da administração municipal.
O circuito foi simbolicamente inaugurado pelos próprios ciclistas, que, depois de percorrerem o trajeto, se dirigiram à casa do prefeito Luciano Ducci (PSB), para uma manifestação.
Lá, eles gritaram palavras de ordem exigindo políticas públicas voltadas ao uso da bicicleta não apenas como lazer. O prefeito não desceu para conversar com os manifestantes.
De acordo com a assessoria de imprensa da prefeitura, Ducci não compareceu ao evento em razão de um princípio de pneumonia. Outros compromissos do prefeito também foram desmarcados pelo mesmo motivo, segundo a assessoria.
O projeto
O projeto de Ciclofaixas de Lazer da Prefeitura de Curitiba prevê a implantação de 15 quilômetros de vias exclusivas para a circulação de bicicletas, com operação todos os domingos e feriados, até o segundo semestre de 2012.
Nessa primeira etapa, o chamado Circuito Ciclofaixa terá 4 quilômetros e vai funcionar apenas uma vez por mês. A ciclofaixa voltará a funcionar nos dias 27 de novembro, 18 de dezembro, 15 de janeiro, 12 de fevereiro e 25 de março. Nos meses seguintes, o objetivo é estender a faixa para ciclistas até o Parque Barigui, aumentando os dias de uso.
O casal Guilherme Langner, 27 anos, e Karina Rafailov, 24, aprovarou a novidade. Os dois passaram a tarde estreando a ciclofaixa. “Agora é expandir e melhorar as ciclovias existentes”, afirma Guilherme.
O casal usa a bicicleta para trabalhar eventualmente. Em média, usam a bicicleta quatro dias por semana. “Pedalamos sempre. A ciclofaixa é um primeiro passo importante”, conta o rapaz.
Já Thais Rodrigues, 33 anos, passou pela ciclofaixa também ao lado do amigo André Luiz de Almeida, 36. “Não trabalho de bicicleta, normalmente. Se tivesse mais segurança no trânsito, usaria mais. Podia ter ciclofaixa todo sábado e domingo”, comenta Thais. Para Almeida, os 4 km ainda são pouco. “Quanto mais espaço mais a gente vai usar”, explica.
O chefe de gabinete da prefeitura de Curitiba, José Andreguetto, afirma que a prefeitura não tem condições de operar a ciclofaixa de lazer semanalmente, por falta de estrutura e pessoal. Segundo ele, agentes de trânsito e guardas municipais já estariam envolvidos com outros eventos do calendário da cidade, o que impediria a operacionalização semanal da estrutura em um primeiro momento.