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30 de janeiro de 2012

Catedral de Curitiba: Bela e imponente, com uma arquitetura que deu o que falar

Basílica não será a mesma depois da restauração. Conheça os detalhes da recuperação de um patrimônio arquitetônico de Curitiba que estava quase ruindo A restauração da Catedral de Curitiba começou em janeiro de 2011 e deve ficar pronta em dezembro do ano que vem (40% das obras foram feitas). Desde que arquitetos e mestres-de-obras entraram nas áreas mais inimagináveis da igreja, retirando cinco caminhões de puro entulho, apenas uma notícia virou burburinho por enquanto: a existência de um poço no presbitério. Na verdade, o poço existe e não passa de um buraco escuro com água dentro, criado durante as perfurações de análise de solo para a construção da igreja.
VÍDEO: Confira algumas técnicas utilizadas na restauração da Catedral

O que até agora não se falou, por outro lado, é que a Catedral não perde nada em beleza arquitetônica para outras igrejas – de diversas partes do mundo – que foram construídas na mesma época. Os detalhes arquitetônicos não eram vistos com olhos de surpresa porque, de fato, eles estavam escondidos por trás de infiltrações (principalmente perto do solo), camadas “extras” e desnecessárias de tinta e falta de manutenção. Mas, quando for entregue restaurada, é provável que se torne ponto de turismo, assim como as igrejas mineiras.
Só na pintura, um trabalho minucioso – de formiguinha mesmo – foi feito para se chegar ao que corresponde à segunda camada de tinta que as paredes receberam no fim dos anos 1940. Para se ter uma ideia, foram gastas cerca de duas horas com um bisturi em cada dez centímetros quadrados da parede para remover as três camadas de tinta e se chegar à pintura que deveria ser recuperada.
Identidade à tinta
A arquiteta responsável pelo restauro, Giceli Portela, da empresa G Arquitetura, explica que foi decidido, em uma comissão da reforma e com integrantes da igreja, que a pintura a ser recuperada não seria a original, em estilo gótico e bastante simples, mas a de 40 anos depois (que corresponde à segunda camada), feita pelos irmãos italianos Anacleto e Carlos Garbaccio a pedido da Liga Feminina da Igreja.
“As mulheres deram identidade à igreja quando decidiram alterar a pintura que era bem simples na época (frisos e trevos). Digo que foi dada uma identidade à Catedral porque as pinturas dos Garbaccio lembram uma pêssanka, cheia de detalhes, e retratam a identidade do povo paranaense, uma mistura decorrente da imigração”, afirma Giceli. Além disso, outro ponto que contou muito foi o fato de a pintura original ter permanecido na igreja um tempo bem menor que a dos irmãos Garbaccio, ou seja, esta última é a que mais identifica a Catedral a seus fiéis.
Nos 3 mil metros quadrados da Catedral, o que faltava para potencializar o uso da igreja era melhorar a qualidade do som (já se pensa em fazer recitais e concertos no local). Para passar o cabeamento da fiação elétrica, então, os responsáveis pela obra tiveram de suar. O chão não poderia ser quebrado por causa da pedra basalto que seria recuperada. Por isso a opção foi quebrar a parede.
No entanto, parte das paredes da Catedral foi feita com pedras muito grandes (como aquelas usadas nas reduções jesuíticas), e só uma broca usada em mineração conseguiu dar conta do serviço. Dos R$ 4 milhões que a Igreja conseguiu com a prefeitura para o restauro, boa parte foi usada para reparar a fiação elétrica (que estava ultrapassada e em mau estado) e a tubulação da água pluvial (que precisava ser totalmente refeita por causa das constantes infiltrações).
Enfim, as torres
No ano que vem, o restauro chega às duas torres. Com o fim das obras, a população poderá subir pelas escadarias das torres para ter acesso às tribunas que voltarão a ficar abertas: a missa poderá ser vista do alto também. Mas há um empecilho até agora não resolvido: os R$ 4 milhões arrecadados para o restauro não serão suficientes para que o trabalho de recuperação alcance os bens integrados da Catedral, como bancos, imagens, o órgão e o sino original que está na torre esquerda. “É uma parte ainda em iminência. Queremos entregar tudo restaurado, mas não depende apenas de nós”, afirma Giceli.
O problema é que, por estar no centro de Curitiba, a Catedral sofre o mal de não ter fiéis assíduos em número suficiente (grande parte dos que frequentam são turistas e pessoas que estão de passagem). Isso significa dizer que, enquanto entidade religiosa, ela não tem uma forte arrecadação como algumas igrejas de bairro. Por isso, não se sustenta. O resultado é que a igreja, na parte arquitetônica, estará toda recuperada no ano que vem. Mas que não se engane quem passa perto da Catedral: os sinos que tocam ainda não são os originais. Uma pena.